O apresentador Marcelo Castro voltou a pedir doações ao vivo durante seu programa na TV Aratu, em uma ação exibida na manhã de sexta (21). Na ocasião, ele mostrou a chave Pix de uma idosa do bairro do Lobato, em Salvador, e afirmou ter conseguido mobílias novas para a mulher, que havia perdido bens em uma enchente.
A atitude provocou imediata reação do Ministério Público e da Record TV, que encaminharam imagens da solicitação para exigir investigação sobre a campanha. A Record classificou o pedido como uma afronta ao processo judicial ainda em andamento.
Marcelo Castro é acusado de participar de um esquema que desviou doações recebidas por telespectadores do Balanço Geral Bahia entre 2022 e 2023. Segundo as investigações, do total de R$ 543 mil arrecadados, o grupo teria apropriado R$ 407,1 mil, dos quais R$ 146,2 mil teriam sido destinados ao apresentador e R$ 145,7 mil a Jamerson Oliveira, ex-editor-chefe do programa, hoje colega de Castro na Aratu. A denúncia descreve que chaves Pix de “laranjas” eram exibidas no ar, e apenas uma pequena parte das doações chegava aos beneficiários reais.
O caso ganhou repercussão em março de 2023, após uma doação de R$ 70 mil destinada a um bebê com câncer, cujo assessor do jogador de futebol Talisca, identificou divergência entre a chave exibida e a chave efetivamente usada. Em março deste ano, Castro foi condenado em primeira instância a pagar R$ 10 mil à Record por danos à imagem. O julgamento criminal foi recentemente adiado, sob alegação de falta de espaço no Tribunal de Justiça da Bahia, decisão que foi criticada publicamente pela emissora e pelo Ministério Público. Os acusados negam participação no suposto esquema.
A Procuradoria e a Record pedem que a nova solicitação de doações seja investigada para verificar eventual interferência no processo em curso e assegurar a proteção de possíveis vítimas. A produção da TV Aratu ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.


